18/01/2007

Testemunho de uma cidadã

Estou a viver aqui, em S. Miguel, há relativamente pouco tempo, mas já me recenseei e, portanto é aqui que vou exercer o meu direito e dever de voto no próximo referendo relativo à despenalização da interrupção voluntária da gravidez. Como tal, é também aqui que exerço a minha cidadania, participando activamente nesta campanha, com o Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo SIM, um movimento que congrega o apoio de pessoas e organizações que trabalham diariamente com a realidade da vida das mulheres, principalmente das mais desfavorecidas, e por isso é um movimento de pessoas que estão em condições de avaliar e justificar a necessidade urgente da alteração da lei.
A questão a referendar no próximo dia 11 de Fevereiro é uma questão de consciência individual e de defesa dos direitos humanos e em particular de defesa dos direitos das mulheres.
Gostava só de partilhar a principal razão pela qual votarei sim pela despenalização da interrupção voluntária da gravidez:
Cada ser humano é único e de uma complexidade imensa, porque é o resultado de um sem número de variáveis e condicionantes, em combinações infinitas. Fomos dotados e dotadas de consciência e de livre arbítrio e, por isso, cada vida humana é uma construção, resultante das escolhas que fazemos diariamente. Cada escolha que fazemos reflecte a matriz de variáveis que a nossa consciência dita num preciso momento, combinada com as condições que nos envolvem nesse mesmo momento. Eu não me sinto capaz de julgar @s outr@s. Não me sinto mais consciente, nem mais elucidada do que qualquer outra mulher ou homem para julgar ou decidir sobre uma gravidez, que não a minha. Quero ser livre de decidir sobre a minha maternidade e quero que essa minha liberdade seja respeitada, por isso aceito e respeito a decisão que qualquer mulher ou homem tome sobre a sua própria maternidade ou paternidade. A liberdade de escolha consta da Declaração Universal dos Direitos Humanos, portanto, todos e todas temos direito a ela. Assim, a interrupção voluntária da gravidez deve ser uma escolha individual e livre.
17 Jan’07
Sara Seabra

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