O movimento «Médicos pela Escolha» a favor da despenalização da Interrupção Voluntária da Gravidez (IGV) defendeu esta segunda-feira que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem capacidade para dar resposta aos pedidos de aborto, se a lei for alterada.
«Uma vez modificada a lei, é necessária uma estruturação de serviços e determinações do ministério [da Saúde] de forma a que os serviços se passem a organizar da melhor maneira para fazer face às necessidade da população», afirmou a directora do serviço materno-fetal da Maternidade Alfredo da Costa (MAC) e mandatária do movimento.
Ana Campos falava numa conferência de imprensa organizada pelos «Médicos pela Escolha» para falar sobre a gestão dos hospitais públicos se o «sim» ganhar no referendo à despenalização da IGV, no dia 11 de Fevereiro.
A mandatária exemplificou parte dessa gestão, dizendo que aos serviços compete definir «equipas que não precisam de ser muito numerosas, três ou quatro pessoas, com médicos e enfermeiros e um secretário de unidade, que se organizam para dar resposta semanalmente aos pedidos de interrupção da gravidez».
A directora do serviço materno-fetal MAC defendeu que é «correcto» que as mulheres que pedem uma IGV sejam separadas das mulheres que estão a ser seguidas na sua gravidez.
«Hoje existem em hospitais, unidades de consulta e unidades de ambulatório que podem dar resposta a intervenções quer por meios médicos quer por meios cirúrgicos», disse.
Além disso, Ana Campos sublinhou a actual estrutura montada entre os hospitais e centros de saúde que deve ser rentabilizada, bem como, a necessidade de dar formação aos profissionais e de ter equipamentos adequados às várias técnicas.
O presidente dos «Médicos pela Escolha» criticou ainda algumas afirmações proferidas pelos movimentos pelo «não», nomeadamente: «se o sim vencesse, fazer um aborto seria como ter um telemóvel».
«Estas afirmações já não convencem a população e não dignificam as mulheres», lamentou Vasco Freire.
O movimento quer um maior acompanhamento das mulheres na prevenção de situações imprevistas, o que não acontece verificando-se, segundo os «Médicos pela Escolha», uma baixa adesão às consultas de planeamento familiar, bem como, acompanhamento nesta «decisão difícil».
O movimento defendeu ainda que os objectores de consciência na classe médica devem assinar uma declaração para que se possa saber «quais os recursos humanos com que se podem contar», lembrou Maria José Alves, chefe do serviço materno-fetal da MAC, uma obrigação que está prevista na lei.
Além disso, a mandatária defendeu ainda que a decisão, mesmo em adolescentes menores de 16 anos, deve ser preferencialmente tomada pela jovem, mesmo em situações que não haja consenso com os pais, casos já presenciados pela própria.
Ana Campos apresentou ainda alguns estudos de revista médicas internacionais, os quais revelam que o aborto ilegal leva à morte de 68 mil mulheres por ano, seis por hora, enquanto o aborto legal provoca a morte de uma em cada 100 mil mulheres anualmente.
Os custos do tratamento do aborto ilegal são dez vezes superiores ao do aborto legal, disse a directora do serviço materno-fetal da MAC, relembrando que actualmente os utentes pagam os custos das complicações causados pelos abortos ilegais.
Diário Digital / Lusa
22-01-2007 20:55:23
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