O movimento pelo “sim” à despenalização da interrupção voluntária da gravidez apresentou ontem no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada as razões que considera justificar um voto positivo no referendo de 11 de Fevereiro.
O movimento pelo “sim” à despenalização da interrupção voluntária da gravidez apresentou ontem no Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada as razões que considera justificar um voto positivo no referendo de 11 de Fevereiro.
Carlos Ribeiro, o mandatário regional do movimento cívico, explicou que “no quadro legal não estão garantidas todas as razões que hoje levam as mulheres ao aborto”. O emprego precário, a reduzida capacidade de endividamento para a compra de casa são apenas algumas das razões que o movimento invoca como condicionantes da gravidez.
O mandatário do movimento a favor da despenalização do aborto destaca o caso da gravidez na adolescência que assume números preocupantes nos Açores. “A educação sexual é precária ou inexistente nas nossas escolas. Os adolescentes e jovens adultos não sabem como evitar a gravidez não desejada e acidental”, argumenta Carlos Ribeiro que realça no entanto que o movimento não toma o aborto como um método anticonceptivo.
De acordo com Carlos Ribeiro, no arquipélago há ainda muitos tabus em torno da sexualidade feminina. “As pessoas não vão buscar pílulas e preservativos por vergonha porque o centro de saúde fica às claras. Existe tudo e mais alguma coisa para prevenir a gravidez mas as pessoas não usam”.
A 30 de Janeiro o “Em movimento pelo sim” arranca com as iniciativas agendadas para o arquipélago com um debate no pólo de Ponta Delgada da Universidade dos Açores. Para o período de campanha que finaliza a 9 de Fevereiro estão programadas acções semelhantes na Ilha Terceira e no Faial.
Estima-se que em 2006 tenham havido18 mil casos de aborto clandestino a nível nacional com um custo médio de 750 euros cada. Números que Carlos Ribeiro, mandatário regional do movimento pelo “sim”, usa para definir os contornos da economia paralela que vive da ilegalidade do aborto.
Caso a resposta ao referendo de 11 de Fevereiro seja positiva, Carlos Ribeiro acredita que nos próximos anos estes números vão triplicar, revelando a real percentagem de mulheres que recorre ao aborto.
O movimento pelo “sim” denunciou as “clínicas de curiosos e de vão de escada” que lucram com a interrupção voluntária da gravidez fora dos circuitos legais e põem em risco a vida da mulher que a eles recorre. Por outro lado, para quem tenha dinheiro, “há clínicas muito boas a fazer abortos em Portugal. Não é preciso ir para a Holanda ou para Espanha. Existem clínicas mesmo ao lado de esquadras e toda a gente sabe que elas estão ali”, afirmou Carlos Ribeiro.
O mandatário regional a favor do “sim” acredita que neste segundo referendo sobre a despenalização da interrupção voluntária da gravidez “a abstenção não será tão significativa porque as pessoas estão mais envolvidas”.
Recorde-se que o primeiro referendo sobre a legalização do aborto realizou-se em Portugal em 1998 onde o “não” saiu vencedor mas devido à baixa participação popular o resultado não foi vinculativo.
Desta vez Carlos Ribeiro acredita que o resultado será diferente. “Haverá muitas pessoas a passar da abstenção para o sim”.
Ana brasil , in A.Oriental 15 de janeiro de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário